O técnico Vica chega a Belém ciente das cobranças que receberá no caminho para a Série B do Brasileiro
Contratado semana passada para ser o novo treinador do Paysandu, Vica deve chegar amanhã de manhã a Belém para iniciar seu trabalho à frente do elenco bicolor. O treinador paulista teve pouco tempo desde o anúncio de sua contratação até a chegada e, nesses quatro últimos dias esteve em contato direto com o gerente executivo de futebol, Sérgio Papellin, para se inteirar do material humano que encontrará na Curuzu. O desafio que encontrará na nova casa é bem similar ao último que teve.
Ano passado, o paulista José Luis Mauro assumiu o Santa Cruz-PE com a espinhosa missão de tirá-lo de um exílio de quatro anos na Série C, isso depois de passar alguns anos na D. O Papão ficou seis anos na terceira divisão até jogar a segunda ano passado, quando teve uma campanha decepcionante e voltou para a Terceirona. A torcida até tem mostrado uma paciência fora do comum, como foi visto com Mazola Júnior e as derrotas nas finais.
Para Vica, essa relação com a Fiel tem que ser uma constante para que o trabalho dê certo. “Sei dessa paixão do nosso torcedor, isso é que temos que pensar quando estivermos vestindo essa camisa”, afirma o treinador.
O processo de reformulação do elenco será o primeiro desafio pela frente. O clube quer contratar pelo menos seis jogadores e liberar a mesma quantidade. Vica não se opõe nem a uma coisa e nem à outra, no entanto, diz querer primeiro observar o elenco alguns dias antes que alguém seja dispensado. “Não gosto de chegar num clube e começar a dispensar jogadores”, diz o comandante.
Essa postura, já em concordância com a diretoria, deve fazer com os reforços demorem um pouco. Com isso, jogadores como o goleiro João Gabriel e o atacante Héliton, únicos que os dirigentes haviam admitido como de saída, podem ter uma sobrevida.
Como treinador, Vica tenta seu segundo acesso seguido. Ano passado, ele levou o Santa Cruz-PE para a Série B com o título da Série C. Antes disso, seu maior feito foi a Copa Centro-Oeste, em 2001, quando comandava o Goiás-GO. Em seu currículo, ainda há o bicampeonato alagoano pelo ASA-AL em 2009 e 2011.
Vica deu com exclusividade a entrevista abaixo na qual fala da expectativa de comandar o Paysandu, o desafio de tentar mais um acesso e o que o levou a aceitar o convite de vir a Curuzu.
O ex-técnico do Paysandu, Mazola Júnior, afirmava que a cada ano a terceira divisão fica mais complicada, e que o Grupo A da Série C tem nível de Série B. O que o senhor acha dessa afirmação e o que esperar de dificuldades no restante da competição?
Concordo. O grupo A tem equipes com mais tradição em nível nacional, mais torcida. Equipes investindo mais do que o grupo B. Após a Copa, acho que as equipes vão estar mais bem preparadas do que no início, não vai ter jogo fácil.
A partir do momento em que foi contratado, qual seu papel no processo de contratações e dispensas dentro do elenco?
Ainda não conversamos sobre contratações e nem dispensas. Vamos conversar, mas não gosto de chegar num clube e começar a dispensar jogadores. Se esses jogadores estão no clube é porque têm capacidade, vamos com calma. Agora, não abro mão da disciplina e do comprometimento com o clube.
O senhor já viu um jogo do Paysandu e tomou conhecimento do elenco que terá em mãos. Qual a sua avaliação prévia desse grupo para a Série C?
Positiva, acho que tem jogadores de um bom nível técnico. Precisamos aliar essa técnica com disputa dentro de campo, não temendo nossos adversários e sim os respeitando.
Esse tempo de treinamentos durante a Copa do Mundo será suficiente para deixar o time em um bom nível para o recomeço do Campeonato Brasileiro?
Acho que 30 dias é um bom tempo, mas poderíamos ter mais. Às vezes, você contrata um jogador que não vinha jogando e ele precisa de mais tempo pra se condicionar, para outros você precisa dar um descanso. Mas vamos tomar cuidado nos treinamentos, o que não podemos ter é jogador voltando ou chegando muito acima do peso. Se isso acontecer, vai ser muito ruim.
Na reta final da Copa Verde e do Campeonato Paraense, além do começo da Série C, o Paysandu sentiu muito o desgaste por causa de um elenco reduzido, também prejudicado por lesões. Essa é uma preocupação, ter uma quantidade condizente de atletas para a maratona de jogos? Qual seria a quantidade ideal de jogadores?
Precisamos tomar muito cuidado na Série C. Teremos tempo pra recuperar os jogadores, vamos ter que treinar dentro de uma normalidade, sem sobrecarga. Acho que 30 atletas seria um número bom, mas precisamos ter uma mescla com jogadores jovens também.
Quando pediu demissão, Mazola indicou que o senhor seria um excelente nome para o restante da temporada. O senhor teve algum contato com o antigo treinador do Paysandu para tomar informações sobre o elenco?
Agradeço ao Mazola. Ainda não tive tempo, mas com certeza vou conversar com ele. É um grande profissional e vai ter sucesso no Bragantino-SP.
Mesmo com as perdas da Copa Verde e do Campeonato Brasileiro, a diretoria optou pela continuidade e manteve o treinador. A saída de Mazola se deu por razões pessoais, pois havia palavras de ambos os lados de confiança no trabalho. Essa postura diferente da diretoria, com um discurso de valorização de um trabalho em longo prazo, também pesou na sua escolha em vir para a Curuzu?
Não só por isso, mas também pela tradição, pela torcida que tem. Acho que devemos nos unir em prol de um único objetivo: a luta pelo acesso à Série B de 2015. Também gosto de fazer um trabalho a longo prazo.
No Santa Cruz-PE o senhor experimentou a pressão de um clube de massa que há tempos esperava por um acesso. É esse o tipo de desafio que acredita encontrará em Belém?
Bem parecido, a diferença é mesmo o tempo que o Santa Cruz estava longe da elite do futebol. Mas a paixão é a mesma e as cobranças serão parecidas. Sei dessa paixão do nosso torcedor.
**Fonte JAmazonia
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