O
RExPA do último domingo válido pelo jogo de ida das semifinais da
Copa Verde, trouxe muito mais que empolgação aos bicolores e
pesadelo aos azulinos. A atuação contundente do time comandado por
Dado Cavalcanti, muito parecida com as daquele Paysandu de um certo
“Urubú” nos últimos suspiros da década de 1950, gerou, pelas
mãos do amigo Pedro Loureiro de Bragança, no prestigiado Camisa
Alvi-Azul da ESPN, um dos textos jornalísticos mais bem escritos por
aqueles que serão eternamente bem-vindos a arte de jogar futebol com
as palavras.
Abaixo o link da
matéria:
E melhor que o próprio
texto, que relata muito bem o “baile” de Páscoa que o time
listrado impôs ao seu rival, foi a comparação de dois títulos
superlativos criados no “glamour da bola” como o de ídolo e o de
herói. Um de áurea divina e outro mais humanizado, cuja junção é
quase a personificação de Hércules, metade homem e metade Deus.
Li aquilo e procurei
encontrar na história um jogador que tenha tido as duas
características tão bem definidas. O meu saudosismo encontrou o
Quarenta (um exemplo também citado por Pedro).
Ora, se o meu
parâmetro é o petrificado camisa dez é aceitável que, para mim,
não poderia haver outro que pudesse representar de forma tão
autêntica esse casamento de idolatria e heroísmo. Acho,
sinceramente, que meu romantismo, com a exceção de Vandicks, Betos,
e afins, não me deixaria negar que é impossível qualquer bicolor
acrescentar mais alguém neste seleto grupo.
Mas aí, meu amigo,
surgiu o tal do Pikachu. E sendo franco? O moleque é, sem dúvida, o
maior lateral direito do Paysandu nas últimas duas décadas, seja
pela sua qualidade técnica, pelo hábito de marcar gols (48 com
aquela pintura do último clássico) que já o colocou ao lado de
Toni como o 22º maior artilheiro da história bicolor ou,
simplesmente, pela marca de dois acessos e um caneco estadual em
apenas quatro anos como profissional.
Diante disso, é
injustiça não colocá-lo entre os melhores. Para quem o vê jogar,
dentre os quais me incluo, não é só injusto, mas impossível.
Pois muito bem.
Mas daí a
considera-lo o melhor lateral que já pisou aqui é puro
desconhecimento da história do Paysandu. Antes de Pikachu, as
divisões de base do Paysandu, treinadas pelo imortal Caim,
produziram, nos idos de 1960, um rápido e genial lateral direito
chamado Oliveira.
Sendo mais preciso:
Raimundo Evandro do Carmo Oliveira. Foi assim que escreveram na
certidão de nascimento e, mais tarde, na de óbito, da fera. Começou
no meio de campo e depois foi levado para o lado do campo pelo
folclórico Gentil Cardoso e lá ficou para se sagrar quatro vezes
campeão estadual (1961-1962-1963-1965), golear o Peñarol de Spencer
e encantar as Laranjeiras por dez anos com a camisa do Fluminense,
onde foi tricampeão carioca (1969-1971-1973) e campeão do Torneio
Roberto Gomes Pedrosa em 1970.
Além disso, meu
amigo, Oliveira driblou o preconceito com o jogador nortista ao
desembarcar zombado no Rio de Janeiro e fazer história. História,
diga-se de passagem, reconhecida anos mais tarde ao ser eleito em
2000 pela crônica esportiva paraense como o LATERAL DIREITO DO
SÉCULO XX do futebol regional e, ainda, o lateral direito do
“Paysandu de Todos os Tempos” do Almanaque do Papão do
jornalista Ferreira da Costa.
Em síntese: uma
unanimidade. Não que Pikachu não seja, mas está se falando de um
alienígena da bola. Talvez, entre os mortais/heróis, entre os
Hércules da lateral, Pikachu tão bem se enquadre, sem, contudo, ser
divino. Oliveira é o Quarenta da lateral e dispensa comparações.
Se um é um “Hércules”, o outro é um “Zeus” das beiradas do
campo.
A credibilidade da
análise, feita por quem viu o Pikachu jogar e não viu o Oliveira,
talvez, para alguns, não seja tão consistente. Desta forma, toda e
qualquer escalação de um “Flamengo de todos os tempos”, por
exemplo, com a presença de Zico no meio de campo, feita por alguém
que não o tenha visto jogar, de nada também valeria.
Na seleção dos
mortais, a camisa dois já é de Pikachu. Na do Olimpo, é de
Oliveira.
É isso.
NOTA DO AUTOR: As discussões
acaloradas sobre a consagração de Pikachu como o melhor lateral do
Paysandu desde as caravelas nas redes sociais, sobretudo no grupo
bicolor do Facebook, me motivaram a escrever sobre o assunto e
colocar a minha opinião. Aos que concordam, sejam bem-vindos. Aos
que discordam, muito obrigado, é a vida (risos).
** Texto de Vincenzo Procópío @VincenzoFilho
Nenhum comentário:
Postar um comentário