No dia seguinte à derrota para o Salgueiro-PE, jogo que desclassificou o Paysandu da Série C do Campeonato Brasileiro e frustrou os planos de voltar para a Segunda Divisão, o presidente Luiz Omar Pinheiro afirmou que mal sabia dimensionar qual o tamanho do prejuízo financeiro que o clube havia tido. A Série B passou a ser um paraíso para clubes com estrutura média para baixa, classificação na qual o Papão se encaixa perfeitamente. Viagens e hospedagens custeadas pelos patrocinadores, além de uma polpuda arrecadação através dos jogos transmitidos pela TV. Ao todo, só em patrocínio, o Papão deixará de arrecadar quase R$ 7 milhões em 2011, sem falar em patrocínios locais que, por si só, garantiam a folha salarial do elenco que jogou esse ano.
O baque financeiro é equivalente ao moral que veio com a derrota na Curuzu lotada com a festa já toda preparada. Após a partida, Pinheiro, ainda visivelmente abatido, comentou como as tensões financeiras foram prejudiciais nos dias que antecederam a decisão. "Em minha administração nunca um time teve tanta estrutura quanto esse. Elenco e funcionários receberam seus salários em dia. O que eu podia fazer, fiz. Não posso crucificar todo o time porque teve gente deu sangue, mas a maioria deixou a desejar", disse.
"A semana que antecedeu ao jogo de suma importância o Paysandu recebeu três sentenças oriundas de administrações passadas. A primeira foi o bloqueio total da renda por causa de uma ação do Almir Lemos, que foi reconhecida pelo clube. O dinheiro só não foi levado porque o borderô fechou na terça-feira e usamos o dinheiro para pagar os jogadores. Segunda, recebemos uma sentença do Juizado de Pequenas Causas de R$ 14 mil e tivemos que pagar. Por último a sede ia a leilão por causa do Carlos Germano. Para essa sexta estava previsto outro leilão em uma ação do (goleiro) Luís Müller que tivemos que negociar", completou o presidente.
Para o diretor financeiro do Paysandu, Isaías Burlamaqui de Moraes, a conta do prejuízo ainda não foi toda feita. Nesse caso, o prejuízo é referente ao que o clube deixará de pagar. As contas do fim de ano estão razoavelmente sob controle, mas ao enumerar por alto o quanto o clube deixará de arrecadar ele deixa transparecer a tristeza de quem, como todo bicolor, já contava com essa renda extra para fazer um elenco de maior qualidade.
"Ainda estamos concluindo uma projeção mais detalhada do que deixaremos de receber. Estamos trabalhando com uma previsão de média de público de 15 mil pessoas por jogo com o ingresso a R$ 20,00. Seriam R$ 200 mil por partida, já descontados os encargos. Com 19 jogos em casa, seriam pelo menos R$ 3,8 milhões a serem somados com pelo mais R$ 3 milhões de patrocínio. Os custos com viagens, hospedagens e transporte dentro das cidades também seriam custeadas pela TV e ainda teríamos, provavelmente, uma sobra de R$ 70 mil", explicou Moraes. "Se considerarmos a economia com todos esses gastos, seria também uma garantia de receita. Sem falar do incremento que haveria no projeto Sócio-Torcedor e na venda de camisas e demais produtos com a marca do clube", completou o dirigente.
Moraes explicou que o fim do ano não foi totalmente comprometido por causa de dois fatores. O primeiro, a continuidade dos patrocinadores locais até o fim do ano. O segundo, uma espécie de salvação dos últimos meses, a venda de parte dos direitos federativos do atacante Moisés, que rendeu aos cofres bicolores R$ 600 mil. "O prejuízo foi amenizado porque temos nossos patrocinadores, o que garantiu esse fim de ano sem tanto aperto e com uma receita fixa, mas as rendas farão muita falta. Ainda bem que houve a venda do Moisés. Com o dinheiro que entrou o elenco ficou em dia e conseguimos quitar algumas dívidas. Sem essa venda a situação teria ficado bastante complicada."
Mesmo com essa verba de fim de ano os jogadores que deixaram o elenco bicolor tiveram que negociar parte do que deviam receber para poderem ir embora. Quem a diretoria não queria mais na Curuzu já foi informado e a maioria deixou Belém nos últimos dias. Fonte (Jornal Amazônia)
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