segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Nos braços da Fiel


Mas o clima de alegria se transformou em puro delírio quando a delegação do Paysandu desembarcou com um atraso de cerca de vinte minutos - quase nada para quem esperou três anos para comemoras a subida. Um corredor humano foi formado desde dentro do saguão de desembarque até a área externa do aeroporto, caminho pelo qual supostamente os jogadores passariam. Bastou o primeiro jogador surgir - Thiago Costa - para a pretensão de organização se transformar em êxtase: todos os torcedores, como fiéis, pareciam buscar sua salvação pelo simples ato de tocar seus ídolos, e a festa se transformou em procissão.

O potente trio elétrico alugado para fazer o traslado dos jogadores do Paysandu daria conta de, em algumas horas, fazer o trajeto pensado inicialmente, que compreenderia passagens pelas avenidas Julio César, Duque de Caxias e Doca, para depois seguir até a Curuzu. Mas ontem, excepcionalmente, a tração do veículo era humana: uma multidão ditava o ritmo do veículo, que transportava o elenco, agora de Série B, e agregados, fazendo a alegria da galera bicolor por onde passou.

Esta alegria começou quando o time desembarcou. Cada jogador, para chegar até o trio elétrico, passava por momentos dignos da corda do Círio de Nazaré. Thiago Potiguar foi carregado por um torcedor, enquanto outro bicolor carregava a bagagem do camisa 10 atrás. Kiros foi agarrado. Vânderson foi festejado. Mas talvez o maior assédio tenha sido sobre o atleta que foi símbolo desta conquista: Yago Pikachu, que era abraçado, beijado, venerado e até "engravatado" pelos enlouquecidos torcedores. "Eu nunca fui na corda do Círio, mas isso aí deve ser parecido. Mas o sacrifício vale a pena. Só nós sabemos o que passamos. Fico feliz de ver esse torcedor vibrando", disse ele, afirmando o sonho de ficar. "Quero jogar a Série B e subir para a Série A com esse time", acrescentou.

Já no trio elétrico, outro autor de gol comemorava: Vânderson. "Brinquei com o Lecheva no vestiário que só faço gol quando é decisivo. Não tenho palavras para isso. São quase três milhões de pessoas felizes", disse. O técnico Lecheva evitou comparar o peso da conquista atual com as que ajudou a trazer para a Curuzu quando jogava. "O sentimento hoje é parecido. Vamos comemorar porque daqui a pouco já temos que pensar no Icasa", disse, confirmando a briga pelo título.

Para cumprir o trajeto do aeroporto até a Curuzu, o Paysandu levou cerca de quatro horas. Seu Ermínio Ferreira, comerciante de 54 anos, que chegou a uma passarela na avenida Julio César às onze horas para ver o Papão passar, esperou mais de três horas para fazer uma simples saudação aos ídolos. "Vale a pena. Sabe por quê? Porque para o ano estaremos na Segunda Divisão. E em 2014, quando o Paysandu fizer 100 anos, estaremos na primeira", garantiu.

**Fonte JAmazonia

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