“O adversário somos nós”

Quando a Justiça Desportiva, depois da omissão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) atrapalhou totalmente a disputa pelas duas vagas à segunda divisão no Grupo E, o Paysandu foi o maior prejudicado. O Papão teve anulada uma partida em que venceu fora de casa o Rio Branco-AC e ficou sem essa vantagem que, mesmo com as promessas de mais desdobramentos no tapetão (ver matéria), dificilmente voltará. Ontem, o CRB-AL confirmou o que também se dizia sobre ele ter sido o maior beneficiado e, com competência, bateu o time paraense dentro do Mangueirão por 1 a 0 e se isolou na liderança do grupo.

Tudo ficou mais complicado para o Paysandu, ainda mais por comentários feitos após o jogo que podem confirmar que, assim como em 2009 e 2010, anos em que a equipe esteve muito próxima do acesso, o elenco passa por turbulências que têm em sua gênese, oram vejam só, dinheiro. O presidente Luiz Omar tratou de se adiantar ao afirmar que tudo não passa de boataria e o zagueiro Vágner, que teve o nome citado na confusão, defendeu-se sem acusar ninguém, mas o técnico Édson gaúcho deu a entender que algumas "coisas" estão erradas e tem que haver uma solução nos próximos dias.

"Não tínhamos problema nenhum, não é? Quando as pessoas começam a arrumar problema dentro do próprio grupo aí realmente as coisas ficam ruim. O Paysandu não sobe porque na hora de decidir, quando estava tudo tranquilo, começou essa palhaçada. E agora eles que resolvam essa palhaçada deles. Agora nosso maior adversário somos nós mesmos", disse Gaúcho. "Tem que haver profissionalismo e vamos tomar uma posição essa semana. Se tiver algum jogador contra mim, problema dele. Não me arrependo de nada que fiz essa semana. Quem não quiser ser profissional que vá jogar pelada", completou o técnico.

Entre os descontentes estariam o volante Sandro, que teria sido duramente repreendido pelo treinador após um atraso, e o zagueiro Vagner, que teria ficado insatisfeito ao perder a vaga na equipe titular. Sandro não dá entrevistas desde a derrota para o Salgueiro-PE, na Série C do ano passado, já Vagner negou que tenha qualquer problema com algum jogador, o técnico ou a diretoria.

"Sou um cara correto no que faço e no que falo. Estou muito triste com essa derrota porque me entrego no dia a dia do Paysandu e quem convive com o elenco sabe disso. Depois da chegada do Édson não joguei mais, mas respeitei. Disse ao Édson que respeitava a manutenção da equipe que jogou muito bem diante do Araguaína-TO e do América-RN. O Márcio (Santos) é meu amigo de muitos anos, não é de hoje. Nunca cheguei atrasado e quando o Édson me perguntou se estava bem respondi que estava feliz e trabalhando muito", disse Vágner. "Não tenho nenhum problema com ninguém e só quero ajudar o Paysandu e mais nada. O Édson tem total liberdade para colocar em campo quem quiser, sou apenas um funcionário do clube e mais nada. Jamais questionei o fato de estar na reserva. Isso é opção do técnico e tenho que trabalhar calado para voltar ao time. O (Rodrigo) Salomón está aqui desde o começo e também nunca reclamou a falta de oportunidade e ele tem o mesmo direito de todos, ele é um exemplo e tive o mesmo comportamento. Não sei de onde vêm esses comentários", confirmou o zagueiro.

O presidente Luiz Omar Pinheiro afirmou que não ficará passivo a qualquer situação, mas garantiu que nos dias em que esteve no clube na semana que passou não detectou nenhum foco de problemas de relacionamento dentro do elenco. "Toda reta final acontecem coisas assim aqui no Paysandu, mas dessa vez estou de olho. Me reuni sexta-feira com o elenco e saí de lá com a Curuzu em paz. As pessoas ficam plantando notícias para conturbar o ambiente". Pinheiro garantiu que o cargo de Édson Gaúcho não corre perigo - "Até o momento ele fica, sim" - e que a divisão do bicho pela vitória fora de casa coube a Leandro Camilo, Rodrigo Pontes, Alexandre Fávaro, Juliano e Márcio Santos, sem a participação de Sandro, o que foi comentado ontem. O presidente defendeu o experiente jogador. "Na sexta-feira, na conversa que tive com o elenco, o Sandro em momento algum fez alguma reclamação. Depois conversamos só nós dois e foi tudo tranquilo."

**Fonte JAmazonia