Aos 20 minutos do segundo tempo, enquanto Yago se preparava para cobrar o pênalti que fecharia o placar de 2 a 0 sobre o Macaé-RJ, os meio-campistas Alex Gaibu e Ricardo Capanema não olhavam o lance. De joelhos, ambos rezavam no meio o gramado para que a sorte sorrisse para o jovem lateral bicolor.
O instante de torcida intensa mostra muito bem o momento que vivem os jogadores do Papão. Com dois meses de salários atrasados, eles resolveram se fechar em busca do objetivo comum que pode servir de catapulta para a carreira de cada um deles, dos mais jovens aos mais experientes. Com o resultado de ontem, o time paraense joga no próximo sábado no interior fluminense com um a vantagem considerável. Além de uma vitória, o empate e até derrotas por diferença de um gol e de dois (desde que com gols para ambos lados, como 3 a 1, 4 a 2, por exemplo). Macaé tem que fazer três gols de diferença para ficar com o acesso. Se repetir o placar de 2 a 0, a decisão vai para os pênaltis.
O jogo em Paragominas, por causa da perda de dois mandos de campo, levou ao Papão uma torcida diferente. Por mais que metade dos que lotaram a Arena Verde tenha vindo de Belém, eles se juntaram à torcida local para criar um clima mais ameno, formado por gente que quase nunca vê o time de coração ao vivo. Desde os primeiros dias do feriado de Finados, Paragominas encheu-se de festa, deixando um pouco de lado o autointitulado "Município Verde" para acrescentar o azul e branco.
Os jogadores entenderam o recado. Mesmo com uma apresentação irregular em quase todos os 90 minutos, sobrou coração e entrega. Os gols do atacante Rafael Oliveira e Yago acabaram premiando a equipe que mais buscou o jogo, diante de um adversário que, a despeito de duas excelentes chances no primeiro tempo, tentou a todo instante fazer uso do regulamento e abusou das tentativas de fazer o tempo passar. Pelo menos enquanto tudo estava igual.
Após a partida, meio em tom desabafo e meio comemoração, os bicolores exaltaram a recuperação na Série C do Campeonato Brasileiro, ao mesmo tempo em que pregaram cautela para o jogo de volta e fizeram uma pequena cobrança por melhores condições de trabalho. "Estamos com dois meses de salários atrasados, mas quem viu o jogo sabe que em campo não pensamos nisso em nenhum momento. Vamos a Macaé com todo o respeito porque é um grande time, mas o Paysandu também é grande e tem tradição, por isso merece respeito", afirmou o volante Vânderson, que saiu de campo sentindo dores musculares.
O capitão bicolor foi exaltado pelo zagueiro Marcus Vinícius como um exemplo a ser seguido. "Quem um dia disse que o Vânderson estava velho do Paysandu hoje o vê sendo um dos nossos jogadores mais importantes. É ele quem está chamando a responsabilidade para si e fazendo diferença."
O que ficou na certeza entre os jogadores é que cabia pelo menos mais um gol no confronto de ontem. "Tivemos mais chances e merecíamos até mais um. Agora é ter muita atenção no jogo de volta", afirmou o zagueiro Pablo. "Cabia mais um, mas o Macaé estava bem postado atrás. Ainda assim, conseguimos uma boa vantagem para usarmos com sabedoria no jogo de volta", observou o também zagueiro Fábio Sanches.
**Fonte JAmazonia
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